sexta-feira, junho 18, 2010

Elogio à Tristeza

Tenho para mim, pastor atento ao desenrolar da vida em sua volta, que isto de pastar cabras deixa muito tempo livre para o cérebro deambular por seara alheia, que um dos grandes problemas da sociedade actual é o "marketing" da felicidade.
Meus caros, é um embuste! Vendem-nos algo, que tal como a minha bela televisão comprada nos saldos do Shopping de Musvadala, tem um prazo de garantia. Funciona lindamente nos dois primeiros anos, expirada a garantia, vêm os problemas. Confesso que nisto das analogias o Cristiano Ronaldo me bate aos pontos. Entre "os golos são como o ketchup" ou a "felicidade é como uma televisão" venha o diabo e escolha. Mas regressando ao tema, estamos atados a uma engrenagem que nos vende que "ser feliz é fixe", que nos deixa refens de um conceito utópico e irrealista. Para quando um elogio à tristeza, esse sentimento, essa emoção descriminada em desfavor desse produto artificial da felicidade perene?
A felicidade é uma doença. Não aguda e também não crónica, atreveria-me a classificá-la de doença recorrente. E a ambição da felicidade a coisa mais estúpida que nos fazem crer e acreditar (isso e que o Castelo Branco é heterossexual), a nossa demanda de graal, o nosso objectivo. Não estamos tão longe do objectivo absurdo dos meus conterrâneos mujadin que anseiam pelo "outro mundo" com 50 virgens depiladas e sem bigode, tomando banho em leite de cabra colhido aos primeiros raios de sol e deitadas sobre a relva verdejante (com um sistema de regra "do outro mundo").
Pois, a tristeza é uma cura para essa doença que é a felicidade. Essa obsessão. Que se lixe a felicidade, que viver triste é o que está a dar. Que deitem os antidepressivos ao lixo e que invistam milhões nos antifelicidade.
A felicidade gera inveja, angústia e intranquilidade. A felicidade gera tristeza.
A tristeza gera tranquilidade, porque desempenha um papel fundamental na recuperação da nossa homeostasia. Que se dê mais valor ao estar triste.
Porque acho que andamos tristes por não conseguirmos andar felizes.

O vosso
Manolito