terça-feira, outubro 31, 2006

Variações de Humor

Apresento neste blogue, duas formas de contar a mesma piada. Bem engraçada, diga-se de passagem... O prezado leitor que escolha a forma que a prefere reproduzir. Claro está que dependerá do ambiente, do(s) ouvinte(s), e do estado de alma do leitor no momento.
E tu, Manolito, qual preferes?, pergunta-me o leitor.
E eu respondo como costumo responder, quando me perguntam qual é a teoria do Einstein.
Tudo é relativo.

Esta já foi considerada como uma das piadas mais secas do mundo...por pessoas sem sentido de humor.

Fim da tarde estival no Jardim do Príncipe Real. Corre uma brisa desagradável, que obriga os traseuntes a puxar as golas das gabardinas (de manhã ameaçou chuva, pelo menos era o que as rádios cantavam). Dois sexagenários jogam dominó. Afonso Domingues, 68 anos, revisor da Carris reformado, bate-se contra o seu amigo Alcides Moreira, 66 anos, projeccionista reformado do antigo cinema Olímpia. O jogo está renhido. Afonso lembra-se como se conheceram naquela tarde solarenga em que foi obrigado a passar metade do dia nas urgências de St.Maria. Ele, Afonso, com uma canseira desgraçada nas pernas, que não lhe deixava dar dois passos, Alcides, com um ataque hemorroidário agudo. O jogo está renhido. Afonso pensa em como desferir golpe fatal no adversário. Alcides pensa na caldeirada de peixe que comeu ao almoço. Afonso coça o cocoruto. Alcides impacienta-se, esperando pela jogada do lento adversário, que não vem. Afonso perdera muita da sua ginastica intelectual, apos longos e longos anos de trabalho monótono picando bilhetes na carreira 15 Algés-P.Figueira. Alcides não se podia queixar da monotonia do seu emprego, já que o patrão, a bem da diversidade, todos os dias escolhia filmes novos para projectar. Alcides pensa que no fundo a novidade nao era grande; tinha uma sensação de déja vu constante. Mas gostava das matinés de domingo, das últimas novidades do círculo porno-cinematográfico dos países de leste. Afonso já não pensa em nada. Alcides comenta "vá lá home!"
Afonso desperta do seu sonho, em que nada sonha. Apenas com o vazio. O jogo está renhido e ele apostara uma ginginha com Alcides.
Tem uma ideia que talvez venha a ser bem sucedida. A concentração é o forte do meu adversário, pensa. Afonso joga uma peça e logo de seguida conta:

- Oh Alcides, ´tava aqui a pensar. Tu sabes qual é a diferença entre as couves de Bruxelas e as catotas (vulgos macacotos)?
- Na sei pá.
- É que tu Alcides, as couves de bruxelas, não as comes.






Epílogo

Escusado será dizer que Alcides ganhou a partida. E uma ginginha.

sábado, outubro 28, 2006

Esta já foi considerada uma das piores piadas de sempre...por pessoas sem sentido de humor.

Tarde de Domingo no Jardim do Principe Real. Dois velhotes jogam dominó. A brisa corre fresca, enregela as pontas dos dedos dos anciões. No meio da jogatana, para quebrar o silêncio que a concentração reclama, e quiçá para distrair o adversário para lhe infligir mortal golpe, Alcides Gonçalves vira-se para o seu companheiro de jogo, António Conceição Carvalho, que conhecera há 2 anos na Urgência de Sta Maria, enquanto esperavam pela sua vez, Alcides que lhe lancetassem o furunculo nadegueiro, Antonio Conceição que lhe tratassem da canseira das pernas, e, numa voz pausada e calma, acompanhando o som da brisa nas folhas dos castanheiros, sussura:

- Qual é a diferença entre a couve de bruxelas e as catotas (vulgo macacoto)?
0 Não sei, diz-me tu...
- É que tu não comes couves de bruxelas.

FIM

sábado, setembro 02, 2006

Crónicas

Tenho escrito pouco.

Primeiro porque saí do ambiente bucólico de Musvadala para ir passar férias a uma metrópole que transpirasse confusão e cheiro a gente. Decidi-me por Londres, mas na sequência dos planos dos atentados que foram descobertos, fiquei retido mais 3 semanas do que seria de esperar pq n aceitaram o meu passaporte iraniano quando quis embarcar no avião. Disseram que eu tinha ar perigoso. Tentei fazer-lhes ver que não, que era normal um iraniano andar armado com uma kalashnikov para aonde quer que fosse, mas eles n foram na cantiga, confiscaram-na e convidaram-me para umas mini-férias num hotelzinho simpático na city. Apesar do ar simpático do sítio (não ficava nada a dever à minha barraquinha de Musvadala) tive algumas razoes de queixa, que fiz questao de deixar por escrito ao gerente do hotel. Primeiro, aquilo que eu supunha ser uma casa-de-banho ensuite, sim, porque como qualquer bom iraniano preocupo-me com as questões de higiene. Enquanto os simpaticos senhores me conduziam no carro até à minha estância de ócio, tratei logo de perguntar, "sirs, excuse me, thank u much. Not only sirs, sorry. Sirs and madams, let me say like this, i not want to be acused of racist, no sexual discrimination, please, thank u much. To place we go, you invited me, there is ensuite right? I no like share the pot, tank u very much. If share, there is hair all over the bath, the pipes go full of hair, water won´t go."
Neste ponto, mandaram-me calar, disseram qq coisa como yes yes, e riram.
Pois bem, qual foi o meu espanto chegados ao quarto que me tinham reservado, e deparei-me, meus caros com o seguinte espetáctulo: Na realidade o ensuite era um espécie de latrina, um furo no chão para os excrementos sólidos e uma parede para os liquidos fisiológicos. Resumindo o próprio quarto era uma latrina. Bem, até este ponto penso, tudo bem Manolito, não difere mto do teu quarto em Musvadala, mas qual o meu espanto, quando me apercebo que tenho de partilhar o quarto com mais um paquistanês, 2 indianos, 1 brasileiro e 3 africanos. Tentei chamar o gerente, " Sirs, excuse me, thank u much, not sirs, sorry, ladies and gentlemans, i no racist, but there is too much people in room, no air enough to breathe, please, i want a complain, thank u very much"
Pensei que os criados nao fossem ingleses, porque nao me ligaram nenhuma, tentei dar uso ao meu conhecimento de línguas e falei-lhes em frances, "Mesdames e monsieurs, il y a un problem, merci beaucoup", em espanhor " Los outros señores e señoras, olé!, qé passa, qiero una reclamation por favor, perompompero, viva la españa", italiano " La donna é mobile, per favore principesca" português " Ó chachavor, ó chachavor, ha aqui um engano obrigado!" mirandes "ó chachavore, ó chachavore, uno engano has aqui, obrigado" e finalmente em iraniano, mas sem grande sucesso.


TO BE CONTINUED...

terça-feira, julho 11, 2006

Aviso à navegação III

Estes posts não foram de minha autoria. Foram escritos pelo Fita-de-Milho, aka Corn_Feet, que está a dar os seus primeiros passos timidos na blogosfera, e me pediu se eu os podia publicar.
Gosto de patrocionar mentes efervescentes mas inibidas, e ajudá-los a exporem-se e soltarem-se ao grande público.

Um abraço Fita

Aviso à navegação II

Outro dia, durante o meu jantar de sandocha de cabra na pastelaria da minha aldeia, congeminei uma teoria. Homem que beije outro homem na boca é gay.
Eu mesmo, imediatamente após elaboração desta teoria, deixei de beijar os meus amigos dançarinos na discoteca. Por amor de deus, eu não sou maricas.

Ps-Sugiro que passem a cumprimentar os vossos amigos com um "passou-bem" ou com um esquema cool à Harlem, retirado dos Morangos com Açucar

Aviso à navegação

Outro dia, durante o meu almoço de sandocha de cabra na pastelaria da minha aldeia, congeminei uma teoria. Homem que ande com uma sacola a tiracolo é gay.
Eu mesmo, após elaboração desta minha teoria, deixei imediatamente de andar com a mala a tiracolo. Por amor de deus, eu não sou maricas.


Ps - Sugiro uma mochila tipo "camping gas", prática para o dia-a-dia e útil na definição cool da nossa imagem.

Astérix, o gaolois

Depois do sucesso da tradução do Astérix, o Gaulês para Mirandês, essa língua misto entre o espanhol do Figo e o português do Roberto Leal, anuncio em primeirissima mão a tradução das aventuras do pequeno gaulês para essa língua património nacional que é o Viseense. É que não basta ser perpetuada pelo padre da paróquia e aspirantes seminaristas. É necessário um verdadeiro impulso para protecção do que é popular e típico. Deixo-vos um excerto

"Eztamoz no ano de nobenta antez de Crizto, e vóz vedez que toda a Gália foi ocupada. Toda? Toda não, meuz amigox, uma pequena aldeia de incorrigibeis gaulejex continua por ajim dijer a rejistir ao inimigo."

De realçar que se nas aventuras francesas o prato favorito dos nossos herois era o javali, e na versão em mirandês a alheira de mirandela, nesta nova versão, obélix mostra um apetite voraz por açorda de alho regada com tinto da casa.

Corram já atrás do vosso exemplar,

Um abraço, Manolito

segunda-feira, junho 12, 2006

Bandeiras II

Já percebi que o belo vermelho e verde dançando ao sabor do vento nas janelas dos lares portugueses são um sinal de apoio à nossa selecção. Gostaria se saber de que é que é sinal o resto da rouparia que desde que me conheço vejo a esvoaçar nas janelas dos prédios portugueses. Ele é o lençol bordado, ele é a cueca da moda, ele é a camisola sexy, ele é a peúga rota, ele é a cinta da avó.
Explicações para o motivo de tanta celebração e sinais de apoio precisam-se.
Obrigado,
Manolito

Bandeira à vista

Aqui em Musvadala resolvemos aderir à moda das bandeiras. Mas como os tempos andam dificeis, e não há monhés e lojas dos chineses para vender as ditas (os comerciantes nativos que tinhamos por aqui emigraram para o Martim Moniz) tivémos que nos socorrer do que havia à mão para podermos manifestar o nosso apoio à nossa selecção iraniana. Alguns penduraram camisolas às antenas dos automóveis, outros puseram a sogra desfraldada a esvoaçar à janela. Eu optei por assinalar o acontecimento pendurando as cuecas do dia no bico do galo do catavento que decora o telhado do meu pacato lar. Como estamos no mês das chuvas e à noite está uma ventania dos diabos, sempre poupo dinheiro nas lavagens da roupa.

terça-feira, maio 16, 2006

Más-línguas

Andam por aí umas más línguas, a escrever crónicas acerca de mim e a publicitarem-se com o que escrevo, acusando-me de ser repetitivo.
O que posso dizer em minha defesa é que não sou. O que posso dizer em minha defesa é que não sou.
beijinhos à Margarida Rebelo Pinto.
Deixo 2 posts em sua honra.

Regresso de um clássico

Tuesday, May 16, 2006
Regresso de um clássico
15h da tarde. Alfama. Loja de bairro num daqueles becos estreitos onde não cabe uma pessoa de lado. Lá fora um calor abrasador. Lá dentro está fresquinho, reforçado pela brisa primaveril que vai abanando os enxota moscas.Entra uma cliente. Dona Gertrudes Oliveira, 55 anos, 82 Kg, seios da morte (tamanho C 44 - confesso a minha incultura em relação a tamanhos de soutien...), bigode farto, indumentária de luto pelo ex.namorado que faleceu há 32 anos numa rixa após um jogo de dominó, avental em xadrez, chapelinho vende melão junto ao IP3, chinelas tamanho 34, nitidamente pequenas para tamanha patazorra, com os joanetes a fugirem por debaixo do tecido. Olhando para as unhas dos pés, percebe-se que também estas estão de luto. Dirige-se ao balcão, exclamando " hoje isto está um destes calores, olá se está ". Chega ao balcão.

Dona Gertrudes: Boas tardes dona Elmerinda.
Dona Elmerinda, lojista: Boas tardes dona Gertrudes. Como vão as suas dores?
Dona Gertrudes: Ai, cruzes, que me parece que estão aqui a espetar uns finetes nuis oissos! Fui ontem à médica que me disse (...)Passam 15 minutos(...) de maneiras que é assim que se vai andando.
Dona Elmerinda: Poijé, poijé, cá-de se fazer? E diga lá dona gertrudes, ao que vem?
Dona Gertrudes: Olhe, ia lá a Dona Piedade do R/C a jantari, para vermos a novela juntas, e ia fazer uns bifes. Mas precisava de pimenta. Tem pimenta?
Dona Elmerinda: Não, não, mas sal temos.

E começam as duas a saltar.

Ps - eu sei que visualmente tem muito mais piada. Ainda para mais se o salto for acompanhado pelo som da chinela a bater na tijoleira do estabelecimento comercial.Mas enfim foi o que se arranjou, e já dizia Jardel, "um clássico é um clássico e vice-versa"
Pss - pelo sim pelo não, evitem dar muitas cabeçadas na bola. Não é Jardel?

Regresso de um clássico

15h da tarde. Alfama. Loja de bairro num daqueles becos estreitos onde não cabe uma pessoa de lado. Lá fora um calor abrasador. Lá dentro está fresquinho, reforçado pela brisa primaveril que vai abanando os enxota moscas.
Entra uma cliente. Dona Gertrudes Oliveira, 55 anos, 82 Kg, seios da morte (tamanho C 44 - confesso a minha incultura em relação a tamanhos de soutien...), bigode farto, indumentária de luto pelo ex.namorado que faleceu há 32 anos numa rixa após um jogo de dominó, avental em xadrez, chapelinho vende melão junto ao IP3, chinelas tamanho 34, nitidamente pequenas para tamanha patazorra, com os joanetes a fugirem por debaixo do tecido. Olhando para as unhas dos pés, percebe-se que também estas estão de luto. Dirige-se ao balcão, exclamando " hoje isto está um destes calores, olá se está ". Chega ao balcão.
Dona Gertrudes: Boas tardes dona Elmerinda.
Dona Elmerinda, lojista: Boas tardes dona Gertrudes. Como vão as suas dores?
Dona Gertrudes: Ai, cruzes, que me parece que estão aqui a espetar uns finetes nuis oissos! Fui ontem à médica que me disse (...)

Passam 15 minutos

(...) de maneiras que é assim que se vai andando.
Dona Elmerinda: Poijé, poijé, cá-de se fazer? E diga lá dona gertrudes, ao que vem?
Dona Gertrudes: Olhe, ia lá a Dona Piedade do R/C a jantari, para vermos a novela juntas, e ia fazer uns bifes. Mas precisava de pimenta. Tem pimenta.
Dona Elmerinda: Não, não, mas sal temos.

E começam as duas a saltar.




Ps - eu sei que visualmente tem muito mais piada. Ainda para mais se o salto for acompanhado pelo som da chinela a bater na tijoleira do estabelecimento comercial.
Mas enfim foi o que se arranjou, e já dizia Jardel, "um clássico é um clássico e vice-versa"

Pss - pelo sim pelo não, evitem dar muitas cabeçadas na bola. Não é Jardel?

quinta-feira, março 16, 2006

Vou contar-vos uma coisa

Primeiro que tudo, deixem-me dizer-vos uma coisa. Há uma coisa que não me sai da cabeça e essa é o meu cabelo, porque eu não o posso rapar por causa das minhas orelhas de abano. Na escola eu era conhecido pelo Taxi de portas abertas. Se fosse chinês seria um taxi novaiorquino, se eu fosse angolano e tivesse sempre a limpar o nariz ranhoso com as mãos, seria um taxi português (dos antigos, e dos novos). Era uma coisa que me aborrecia. Mas há uma coisa que me aborrece mais. O prezado leitor por certo não sentirá empatia comigo neste meu problema. Se porventura estiver, por motivos profissionais, obrigado a escutar palestras, tal como eu, então muito provavelmente, também se sentirá aborrecido com esta coisa. É que o prelector, seja qual for o seu grau de diferenciação (normalmente é baixo), gosta de abusar da expressão "Como todos já sabem". Porra! e não é que na maioria das vezes eu não faço ideia do que eles estão a falar. Sinto-me mesmo burro. Tento percorrer com o olhar o resto da assistência para ver se descortino algo parecido com, ou que possa ser interpretado como, sinal de interrogação intelectual, que eu baptizei de soluço intelectual (como um revirar de olhos, ou um esfregar do cocoruto, ou até um franzir de sobrolho, ou um sacar de um livro de bolso, daqueles do reader´s digest que condensa toda a informação e sabedoria do universo) mas em vão. O meu olhar aflito apenas encontra serenidade e sonolência nos rostos impávidos dos auscultores serenos. Não há traços de soluços intelectuais.
Recosto-me na cadeira, coço o cocoruto e olho novamente para a projecção mas no segundo que vou atentar à locução do prelector, escuto, com assombro novamente a expressão maldita. Dou comigo a entrar novamente no ciclo aflitivo e angustiante da prospecção de rostos.
Resumindo e concluindo, este ciclo repete-se incessantemente até ao final da apresentação. Da qual, logicamente e por culpa deste ciclo maldito, não retive nada.
Deve ser essa a razão pela qual na apresentação seguinte, quando o prelector profere o "como todos já sabem", todos sabem o que foi falado antes, mas eu não. Só gostava de saber como tudo começou, onde é que esta gente soube aquelas coisas que eu na primeira apresentação não sabia.
Pelo sim pelo não, vou encomendar o tal livro da reader´s digest.

terça-feira, fevereiro 28, 2006

Para o Sócrates e companhia

Parece que agora é moda os políticos citarem os gato fedorento. Não querendo por em causa o bom gosto, parece-me no entanto que já começa a ser pouco original o "segue, segue, segue" ou o "falam, falam, falam".
Queria deixar então aqui a dica para todos os políticos que me lêem:
Para uma lufada de ar fresco na assembleia sugiro que passem a imitar os grandes MALUCOS DO RISO.
Assim, após proferirem o vosso "statement", sugiro que olhem para a câmara de olhos esbugalhados e comecem a fazer caretas.
Para a Ana Gomes, Maria José Nogueira Pinto, Ana Drago, Manuela Ferreira Leite e demais políticas do sexo feminino sugiro também que apalpem as mamas eqto fazem as ditas caretas.

Com esta manobra de charme, asseguro-vos que a vossa popularidade subirá em flecha.
Não me agradeçam. Gosto de estar aqui atrás, nos bastidores, a mandar bitaites para vocês brilharem

Um abraço
Manolito

quinta-feira, fevereiro 23, 2006

in Público, 23/02/2006

Ontem (não sei se foi ontem, mas aparece no jornal de hoje) no Porto,um grupo de crianças apedrejou um sem abrigo (era um drógádo com certeza) até à morte e mandaram o cadáver, já sem vida (gosto destas redundancias), para o fundo de um poço.
Estas crianças faziam parte duma instituição católica, que por sinal, tem ensinado com mestria os caminhos do Senhor e a da virtude aos seus pupilos. Pena que a juventude de hoje em dia leve tudo muito à letra: "quem nunca pecou que atire a primeira pedra".
Daqui depreendo que estes miúdos sejam santos.

Um abraço,
Manolito

quinta-feira, fevereiro 09, 2006

Caricaturas - de quê? de profetas - dos quais? Maomé - Abraão - Lincoln --> ah perdeste!

Qero juntar-me à polémica e publicar no meu blog as tão badaladas e mal-amadas caricaturas do profeta Charisteas, mártir e santo padroeiro de Musvadala. Como soldado mujadin, hei-de penitenciar-me com 3 rezas todo nú e ao frio na varanda do meu barraco, à hora dos Morangos com Açucar.

Espero que não me seja declarada uma fatwa. A mim, profundo amante dos versículos do corão musvadalense, mas mais ainda da liberdade de expressão.

Um abraço
Manolito

segunda-feira, fevereiro 06, 2006

Repartição de Finanças II

São 09.25.
Vejo um homem. Tira a senha. E441. O marcador digitálico marca E396.
Só lhe resta esperar (...)
São 09.55.
Esqueceu-se de trazer um livro ou uma revista. E401(...)
São 10.23.
Só está uma senhora a atender ao balcão. E406 (...)
São 10.25. Ele ia jurar que tinham passado uns 15 min. E406 (...)
São 10.27. Desiste de olhar para o relógio. E406 (...)
Liga para a empresa. "Eh pá, ó Santos, isto tá dificil. Só volto lá para depois do almoço. Reserva por mim na cantina. Pede à Irene um linguado." -----> um aparte: que piada foleira!
São 10.35. Não resistiu olhar para os ponteiros. E406.(...)
Decide ir comprar o jornal. Sai da repartição das finanças, atravessa a estrada, anda 200m até ao quiosque. Compra o jornal. Fuma um cigarro. Vê as vistas.11.15! Com a sua sorte, qdo lá voltar já passou a sua senha. Decide regressar em passo acelarado. Nunca mais fica verde para os peões. 11.17. Começa a ficar nervoso. Decide passar a estrada a correr, mesmo estando vermelho. 11.18. Está vivo por um milagre. E411. (...)
12.00. E428.
12.30. E438.
12.40.E438.
12.50.E440.
12.58. O E440 sai do guichet com ar de quem não conseguiu aquilo que queria. O nosso homem levanta-se. Dirigi-se para o guichet com um sorriso aliviado pelo fim da espera.
Guichet - FUI ALMOÇAR - JÁ VOLTO
O nosso homem - Minha senhora, deve estar a gozar comigo. Estou aqui desde as 9.30 à espera para ser atendido!
Senhora do guichet (muito calma) - Ah, não sei de nada. São uma da tarde, tenho dálmoçar.
O nosso homem (com um certo desespero) - São exactamente (olha para o relógio) 12.59. Eu estou aqui desde as 9.30!
Senhora do guichet (muito calma, pouco sensibilizada) - Ah, não sei de nada. São uma da tarde, tenho dálmoçar.
O nosso homem (com muito desespero) - Mas eu estou aqui desde as 9.30!
Senhora do guichet (muito calma) - Ah, não sei de nada. 13h, hora dálmoçar.

Tou Santos, eh pá diz à Irene que pode dar o linguado a quem quiser. Eu almoço por aqui uma sande.
O homem com medo que a 1h de intervalo não dê para ir ao restaurante do outro lado da estrada, resolve comer uma sandes da máquina automática da repartição.
14.00. Hora de reabertura do guichet. Vazio
14.10. Guichet vazio
14.20. Chega a senhora. Está com ar de quem se deleitou com um belo repasto. Arruma papeis. Levanta-se novamente e vai lá dentro.
14.30. E441
Senhora do Guichet: Ora entãos muito boas tardes. Vê q com o almocinho isto vai mto melhor?Ora entãos qé q eu posso ajudar?
O nosso homem: Boa tarde minha senhora. Olhe eu não queria nada se faz favor.
Senhora do Guichet: Com certeza. Vou ver o que posso fazer por si.
O nosso homem: Obrigado.
A senhora do guichet levanta-se e vai lá dentro.
14.51. Ela regressa com passo apressado e senta-se.
Senhora do Guichet: Prontos. É tudo.
O nosso homem: Muito agradecido pela atenção.
Senhora do Guichet: Ora essa. Obrigados eu.
E442

Repartição de Finanças I

Não se passa lá nada.
Nós é que passamos lá muito. Tempo.

sexta-feira, fevereiro 03, 2006

Com este movimento...

pode-se dizer que é um blogue que faz pús ao nome... triste!

terça-feira, janeiro 31, 2006

Vitoria do Hamas na Palestina

Seria de crer (ou querer ;D) que com a minha formação mujadin me regojizasse com esta vitória.
No entanto não posso deixar de lamentar esta eleição. Um soldado mujadin combate nas montanhas e com as suas cabras. Não combate com as cabras de outros. Misturar religião com política é pernicioso. Ter como lema de vida o mujadiismo figurativo é positivo, pois significa lutar por algo que se acredita. Mas uma luta limpa, justa, respeitando-se valores e honrando o inimigo, tentando-o vencer por umas boas rajadas de Kalashnikov intelectuais e granadas semanticas ---> estas são as guerras brilhantes vistas nos comentários às noticías do Record on-line.
Mas atenção, não nos devemos tornar demasiado reféns de uma ideologia, pois esta pode por vezes turvar-nos o bom senso e levar-nos a pisar a liberdade do outro, em prol de algo que em nada nos beneficia e no entanto só o prejudica.
Pena que oportunistas se aproveitem da desgraça, dor e raiva de outros, e em nome de uma religião (que por principio apregoa a paz e o respeito pelo próximo), para tirar dividendos pessoais. Só assim se explica que os coitados dos palestinianos fustigados por anos de guerra escolham para os representar as mesmas pessoas também responsáveis pelo perpetuar interminável dessa guerra, feita não em nome da liberdade e defesa dos interesses de um povo, mas sim em nome de uma ideologia cega que simplesmente não aceita a convivência com algo que é contrário aos seus "ideais". Pena que esse mesmo povo, que vive no limiar da miséria, não se interrogue onde moram os milhares de euros e dólares de ajuda da UE, EUA e ONU para a causa palestiniana. Que não se questionem como Arafat surja numa lista publicada ha uns anos, como um dos Homens mais ricos do mundo.

Com boa vontade, abdicando as duas partes de interesses caprichosos e em nome das vitímas de milhares de palestinianos e israelitas inocentes nesta guerra estúpida (haverá guerras inteligentes?), poder-se-á um dia por um fim às hostilidades.
Torna-se dificil perceber para alguém que vê o conflito de fora como um ocidental, desprovido dos preconceitos de ambas as partes e não fustigado por mortes familiares no conflito, como é que em milhares de Km2 não há espaço para os dois povos delimitarem uma fronteira entre eles e viverem paredes meias sem se chatearem uns com os outros.
O reconhecimento de um estado palestiniano livre e soberano e o reconhecimento na região , por parte da autoridade palestiniana, de um estado judaico e a convivência pacífica entre estes dois estados, poderia abrir espaço ao surgir de uma verdadeira revolução e renovação islâmica, com o fim do extremismo religioso.
É deveras preocupante, mas talvez não surpreendente, que, ao invés de assistirmos ao enfraquecimento deste tipo de ideologia, se verifique um exacerbar do extremismo religioso, com a eleição de partidos menos moderados. Foi o caso no irão, onde a ala reformista, representada pelo ex presidente Katami, que perdera durante o segundo mandato algum do seu crédito perante o país, pela sua dificuldade em implementar as suas reformas perante o Conselho Nacional ultra conservador, perdeu as eleições para o nacionalista e desconhecido Nejad, entrentanto já conhecido pelas suas posições anti-israel e anti-ocidente.
A vitória do Hamas vem confirmar esta onda pró-extremista.
Mas como criticar, se "do lado dos bons ", um conservador nacionalista (que para além do mais não deve mto à eloquência - ou direi antes inteligência) consegue também vencer as eleições no seu país?
Como criticar palestinianos e israelitas de andarem às turras uns com os outros, se nós todos os dias na estrada estamos dispostos a mandar uma granada para o caramelo que não anda à nossa frente ? Como criticá-los se em nome de uma fé cega, como é a cor clubística, se destroi, se distribui paulada e se mata? Como criticá-los se por vezes no emprego não olhamos a meios para chegar ao cargo que tanto ambicionamos? Como criticá-los se somos capazes dos actos mais pulhas para com os que supostamente mais gostamos?
A conclusão é que o Homem é naturalmente violento e estúpido.
Eu por mim prefiro vestir a minha capa de pastor, alhear-me do facto e continuar a tratar das minhas cabras.
Morrem iraquianos? Caiem torres? Morrem Palestinianos? Explodem autocarros?
E daí? Morrem milhares de pessoas no mundo todos os dias.
Nesta luta pela sobrevivência o que me interessa é que o Desportivo de Musvadala ganhe no proximo fim-de-semana.

Um abraço
Manolito

sexta-feira, janeiro 27, 2006

Lilongwe é só com 1L

é como o leite de 1L

Telefone Público em Lillongwe

Vencedor do Passatempo "catch the graal"

Venho por este meio dar conta do vencedor do prémio - Catch the graal - apanha a gralha, em portugues.
A iniciativa visou premiar a perspicácia e olho de caçador dos visitantes deste blog no post "fita de milho o caraças (...)", bem como promover o blog junto do público.
É com pena que refiro que o dito passatempo se revelou um verdadeiro fiasco. Foi uma oportunidade perdida para ver em primeira mão a estreia do" cabeleireiro de Lilongwe" no coreto da praça principal de Lilongwe.
De qualquer forma, tenho de admitir que a dita gralha (graal) n era fácil de detectar.
O vencedor da iniciativa foi Serafim Bardsley, que aproveitou e foi passar o Natal a Lilongwe com a família. Deixo-vos com uma foto da família feliz (não, não é prato do restaurante Chao Min no Martim Moniz) a deleitar-se com a estadia nesta maravilhosa cidade.
http://www.pbase.com/gaylehanssen/image/39401894

quarta-feira, janeiro 25, 2006

Estou aqui a pensar na morte da bezerra

Berra muito até morrer. Depois cala-se.
É assim a morte da bezerra.

O Despertar da Aurora

São 7.15 da manhã.
Toca o despertador da Aurora e ela acorda. Tem os olhos inchados e ramelosos e hálito mata ratos.
Toma um duche e veste-se ao calhas.
Não toma o pequeno almoço, porque prefere toma-lo no bar lá da empresa, sem se dar conta que o vazio do seu estomago e a gosma ressequida na sua boca são fonte do seu hálito de odor pútrido.
Ó Aurora, ajudava e fazias um grande favor aos teus colegas nauseados, se de manhã comesses um papo seco e a seguir lavasses os dentes.
E é assim o despertar da Aurora. Mas atenção, só nos dias úteis! Aos fins-de-semana a mandriona só acorda quando o relógio dá a Uma (que é exactamente às 11h, no seu relógio que comprou em Hollywood com actrizes famosas. Em lugar das 11 temos uma foto da Uma Thurman no filme Pulp Fiction)

terça-feira, janeiro 24, 2006

Por motivos de ordem técnica alheios ao autor, a última peça "Errata" foi vitíma de um ataque de um estranho vírus o Hdt457£V2

O autor promete encetar esforços no sentido de apurar as responsabilidades e punir exemplarmente os culpados, estando desde já prometida a formação de uma comissçao de inquérito para o efeito.
Retomo a emissão com a publicação, desta vez sem defeitos, da peça "Errata"


Tenho recebido inúmeros mails de fãs e telefonemas de amigos a alertarem-me para as gralhas (gralhas?!!? são bujardas q fazem corar de vergonha o Telmo da tropah!) que diariamente "sujam" os meus textos.
Queira desculpar-me o prezado leitor, mas tenho que o recordar da minha infancia atribulada com compromissos na guerrilha islâmica de soldado mujadin, sem mto tempo disponível para aprender os percursos sinuosos da língua de Camões (é uma expressão que se dá a trocadilhos fáceis, que, com esforço vou resistir de fazer).
Refiro-me, sem vergonha da minha rudeza de homem das montanhas e pastor de cabras, ao comparça que não tem graÇa, mas deve ser antes uma farSa. (vide peça sobre Quem é o Outro?).
Aquilo que tive mais perto de um professor de português foi o Serafim do Huambo, ao lado de quem eu me bati na guerra do Ultramar em 1972, no interior esquecido de Angola. Lembro-me dos seus ensinamentos enquanto fazíamos emboscadas ao inimigo imperialista. Dos "tájáver" aos "Mantoooorach!" e aos "props po piple". Ahhhhh o Serafim... Lembro-me como a sua mãe, Dona Salomé da Guiné, ficou desfeita com a sua morte. Quer dizer, literalmente desfeita, pois o Serafim como guerrilheiro dedicado e curioso, ao fanar instruções de fabrico de cocktail Molotof de um quartel português, e julgando tratar-se de uma receita de uma deliciosa sobremesa, resolveu meter o preparado no forno mandando com o barraco ao ar. Também ao ar foi o conteúdo do barraco, no qual se incluia a dona Salomé da Guiné, que na altura, e segundo o relatório médico-legista, estava a ver o Preço Certo em escudos. Foi um belo fogo de artífico caro leitor. Segundo consta.
Enfim, este foi um pequeno aparte para homenagear essa personagem que foi o Serafim do Huambo.
Recuando aos meus tempos de infância em Musvadala, aldeia votada ao ostracismo e isolamento por força da sua localização geográfica no vale de Ishram entre as montanhas de Tehrkali, recordo aos leitores também a dificuldade de arranjar manuais de português que me pudessem orientar na escrita desta língua. Mesmo assim, já graúdo e graças a um alfarrobeiro de Musvadala tive acesso a alguns desses manuais épicos da língua portuguesa, como o "Anita de bicicleta" e o "Anita a cavalo".
Portanto peço alguma compreensão, se não mesmo compaixão, por este meu português bárbaro, típico de um homem cujo vocabulário cresceu no meio de cabras.

Ps - Será Alfarrobeiro ou Alfarrabista?

segunda-feira, janeiro 23, 2006

Errata

Já recebi inúmeros mails de fãs e telefonemas de amigos para me avisarem de gralhas (gralhas?! são é mais bujardas que envergonham o Telmo da Tropah!) que encontram neste espaço lúdico, ao qual, ao que parece, já reservaram um cantinho especial nos seus corações.
Ora vejamos: ComparÇa só se for uma graça... mas parece ser mais uma farSa. (vide peça sobre Quem é o outro?)
Aos caros leitores, que me tomam como exemplo, quero expressar o meu mais profundo pesar por ser fonte de desaprendizagem desta tão prezada língua.
Prometo um curso intensivo de português. Queria lembrar aos mais distraídos a minha infância turbulenta e a dificuldade que era, e ainda é, arranjar um professor de português em Musvadala.
O mais perto que tive de um professor deste magnífico idioma, foi, lá está, um comparÇa que era uma farSa, dos tempos idos na guerra do Ultramar, o Serafim do Huambo. Com ele aprendi expressões como o "Tája ver?" e "Mantorras" e "props po piple" eqto fazíamos emboscadas ao inimigo português.
Ai o Serafim. Deus o tenha. A mãe, a dona tatiana, ficou desfeita com a sua morte. Literalmente desfeita, pq o Serafim, como guerrilheiro extremoso e dotado de um espírito invulgarmente curioso, levou para casa uma receita de cocktail molotov, que experimentou "cozinhar" no forno do seu barraco nos arredores do Huambo. "Sérahfim, tuh tens à cérteza qisso é pó forno?"perguntou-lhe a cautelosa tatiana "Bissoluta tajáver!Molotov é bolo.Bolo vai nos forno!" O resultado foi um belo fogo de artíficio. Enfim, este foi um pequeno aparte, para homenagear o meu primeiro e único professor de portugues, o Serafim do Huambo.
Outras fontes de aprendizagem foram clássicos da literatura portuguesa que adquiri num alfarrobeiro de Musvadala, como "Anita aprende a nadar" e "Anita a cavalo".
Portanto peço um pouco de compreensão para com a minha ortografia de rua, eu, um autodidacta das montanhas de Musvadala.

Ps - alfarrobeiro ou alfarrabista?


"....fita de milho o caraças, o que tu queres é um busto de Napoleão...!!"

Como os visitantes habituais (3 pessoas contabilizadas ha meia-noite de ontem) decerto se recordam, ha uns dias atrás o muy ilustre visitante desta trampa Corn Feet aka Fita de Milho, num dos seus comentários, presenteou-nos com uma anedota:"....fita de milho o caraças, o que tu queres é um busto de Napoleão...!!" Desde aí, e não me contendo com o espasmo muscular da minha barriguinha, percebi o alcance humorístico desta espirituosa anedota e os horizontes que abria ao possibilitar um infindável número de variações, todas elas de um alcance cómico significativo.

Ora vejam:

"...fita de cabelo o tanas, o que tu queres é um bigodezinho igual ao do Hitler..."

"...fita de filme o c#$lho!, o que tu queres é o busto da Cicciolina..."

"...fita-cola o caneco, o que tu queres é um charuto do Churchill..."

"...fita métrica o zézinho, o que tu queres é um botão de punho do Castelo Branco..."

"...fita amarela o catano, o que tu queres é um beijinho meu..."

"...fita lilás estás bonito estás, o que tu queres sei eu ( copyright GatoFedorento)"

"...fita-me nos olhos o malandro, o que tu queres n te posso dar..."

isto ja esta a ficar demasiado estúpido, mas espero que tenham ficado com uma bela amostra de expressões para se usar num momento de indignação extrema, como por exemplo, caro leitor, quando lhe disserem que está com caspa.

Um abraço,
Manolito


sexta-feira, janeiro 20, 2006

Quem é o Outro?

Há mta coisa errada com os portugueses.
Uma das que me dá mais comichão é a pulga.
Aquela pulga irritante que salta do meio duma amena cavaqueira entre amigos de café e dominó.
Ora vejam:
Ola Sor Julio, isso vai?
Eh pa, vai indo. Olha é como dizia o outro, vou benzinho.

Vou ter que interromper amavelmente estes dois comparças do dominó para lhes perguntar, quem é o outro?
É que na maioria das vezes, não existe outro, e no entanto tal qual mola involuntária, lá soltamos um "como dizia o outro", como se isto desse ênfase à nossa ideia fraquinha ou graçola sem categoria, que, sozinha, sem ter sido dita pelo outro, perde relevância. Ora isto é um embuste evidente, pois, quer tenha sido proferida ou não pelo outro, o que dizemos das duas uma, ou não tem piada nenhuma ou não tem ponta de interesse.
Daqui infiro, sem a total certeza, que nós como portugueses, não estamos seguros da qualidade daquilo que vamos dizer, e usamos esta muleta irritante, para nos dar segurança e confiança para a frase ou piada que vamos proferir. Tipo, isto pode não ter piada nenhuma, caro ouvinte, mas atenção, o outro disse.
Pior do que isto é usar a expressão como disse o outro, em coisas que naturalmente devem ter sido ditas por muitos outros. Não é preciso lembra-lo a ng. Para dar uma ajudinha ao leitor menos elastico de espirito, vou dar, como diz o outro, um exemplo: Ola tudo joia? "Tudo! Sempre vais, como dizia o outro, la a casa? "Eh pa, hj n posso, como dizia o outro, estou à rasca. "Coitado, é ,como dizia o outro, o trabalho é lixado! "Ya."
Como dizia o outro, já devem ter percebido o ponto.

Para a proxima comentarei o facto de os comediantes julgarem que os velhotes falam em falsete.

quarta-feira, janeiro 18, 2006

Ensaio Sobre a Loucura




Ensaio Sobre a Loucura - Manolito Gafotas 1983

Tive esta ideia brilhante de tirar uma foto a um espelho no fim de ano de 1982 num Hotel de Viena.
Foi o começo auspicioso de uma carreira na fotografia expressiva.
Neste ensaio procuro conciliar o vazio do espaço com o vazio da alma dum louco.
Na primeira foto (o ensaio deve ver-se da esquerda para a direita e de cima para baixo) a personagem está imovel, serena, como que expectante em relação ao futuro. Ao mesmo tempo atente-se ao olhar fugidio e apreensivo. Na segunda foto, é-se atingido pelo inevitável soco da realidade, em que o louco é confrontado com a sua loucura, que lhe é insuportável.
A última foto é a queda, em que o vazio do espaço e o minimalismo tomam maior expressão, ao tornarem-se dominantes em relação ao louco, que vai caindo no vazio da sua loucura.

Agradecimentos: Agradeço às minhas visitas muito instrutivas às exposições de arte contemporânea.

terça-feira, janeiro 17, 2006

Live In Budapest


Lembrei-me do concerto dos Queen no Nepstadion em 1986, qdo vi esta foto ranhosa que tirei em budapeste. Perguntam-me, O que raio querias apanhar na foto, eu respondo, Queria apanhar a verruga no nariz da velha que ia no autocarro. Daí ser uma foto ranhosa.

Les Jours Tristes

Vou ser acusado de plágio.