terça-feira, janeiro 31, 2006

Vitoria do Hamas na Palestina

Seria de crer (ou querer ;D) que com a minha formação mujadin me regojizasse com esta vitória.
No entanto não posso deixar de lamentar esta eleição. Um soldado mujadin combate nas montanhas e com as suas cabras. Não combate com as cabras de outros. Misturar religião com política é pernicioso. Ter como lema de vida o mujadiismo figurativo é positivo, pois significa lutar por algo que se acredita. Mas uma luta limpa, justa, respeitando-se valores e honrando o inimigo, tentando-o vencer por umas boas rajadas de Kalashnikov intelectuais e granadas semanticas ---> estas são as guerras brilhantes vistas nos comentários às noticías do Record on-line.
Mas atenção, não nos devemos tornar demasiado reféns de uma ideologia, pois esta pode por vezes turvar-nos o bom senso e levar-nos a pisar a liberdade do outro, em prol de algo que em nada nos beneficia e no entanto só o prejudica.
Pena que oportunistas se aproveitem da desgraça, dor e raiva de outros, e em nome de uma religião (que por principio apregoa a paz e o respeito pelo próximo), para tirar dividendos pessoais. Só assim se explica que os coitados dos palestinianos fustigados por anos de guerra escolham para os representar as mesmas pessoas também responsáveis pelo perpetuar interminável dessa guerra, feita não em nome da liberdade e defesa dos interesses de um povo, mas sim em nome de uma ideologia cega que simplesmente não aceita a convivência com algo que é contrário aos seus "ideais". Pena que esse mesmo povo, que vive no limiar da miséria, não se interrogue onde moram os milhares de euros e dólares de ajuda da UE, EUA e ONU para a causa palestiniana. Que não se questionem como Arafat surja numa lista publicada ha uns anos, como um dos Homens mais ricos do mundo.

Com boa vontade, abdicando as duas partes de interesses caprichosos e em nome das vitímas de milhares de palestinianos e israelitas inocentes nesta guerra estúpida (haverá guerras inteligentes?), poder-se-á um dia por um fim às hostilidades.
Torna-se dificil perceber para alguém que vê o conflito de fora como um ocidental, desprovido dos preconceitos de ambas as partes e não fustigado por mortes familiares no conflito, como é que em milhares de Km2 não há espaço para os dois povos delimitarem uma fronteira entre eles e viverem paredes meias sem se chatearem uns com os outros.
O reconhecimento de um estado palestiniano livre e soberano e o reconhecimento na região , por parte da autoridade palestiniana, de um estado judaico e a convivência pacífica entre estes dois estados, poderia abrir espaço ao surgir de uma verdadeira revolução e renovação islâmica, com o fim do extremismo religioso.
É deveras preocupante, mas talvez não surpreendente, que, ao invés de assistirmos ao enfraquecimento deste tipo de ideologia, se verifique um exacerbar do extremismo religioso, com a eleição de partidos menos moderados. Foi o caso no irão, onde a ala reformista, representada pelo ex presidente Katami, que perdera durante o segundo mandato algum do seu crédito perante o país, pela sua dificuldade em implementar as suas reformas perante o Conselho Nacional ultra conservador, perdeu as eleições para o nacionalista e desconhecido Nejad, entrentanto já conhecido pelas suas posições anti-israel e anti-ocidente.
A vitória do Hamas vem confirmar esta onda pró-extremista.
Mas como criticar, se "do lado dos bons ", um conservador nacionalista (que para além do mais não deve mto à eloquência - ou direi antes inteligência) consegue também vencer as eleições no seu país?
Como criticar palestinianos e israelitas de andarem às turras uns com os outros, se nós todos os dias na estrada estamos dispostos a mandar uma granada para o caramelo que não anda à nossa frente ? Como criticá-los se em nome de uma fé cega, como é a cor clubística, se destroi, se distribui paulada e se mata? Como criticá-los se por vezes no emprego não olhamos a meios para chegar ao cargo que tanto ambicionamos? Como criticá-los se somos capazes dos actos mais pulhas para com os que supostamente mais gostamos?
A conclusão é que o Homem é naturalmente violento e estúpido.
Eu por mim prefiro vestir a minha capa de pastor, alhear-me do facto e continuar a tratar das minhas cabras.
Morrem iraquianos? Caiem torres? Morrem Palestinianos? Explodem autocarros?
E daí? Morrem milhares de pessoas no mundo todos os dias.
Nesta luta pela sobrevivência o que me interessa é que o Desportivo de Musvadala ganhe no proximo fim-de-semana.

Um abraço
Manolito

sexta-feira, janeiro 27, 2006

Lilongwe é só com 1L

é como o leite de 1L

Telefone Público em Lillongwe

Vencedor do Passatempo "catch the graal"

Venho por este meio dar conta do vencedor do prémio - Catch the graal - apanha a gralha, em portugues.
A iniciativa visou premiar a perspicácia e olho de caçador dos visitantes deste blog no post "fita de milho o caraças (...)", bem como promover o blog junto do público.
É com pena que refiro que o dito passatempo se revelou um verdadeiro fiasco. Foi uma oportunidade perdida para ver em primeira mão a estreia do" cabeleireiro de Lilongwe" no coreto da praça principal de Lilongwe.
De qualquer forma, tenho de admitir que a dita gralha (graal) n era fácil de detectar.
O vencedor da iniciativa foi Serafim Bardsley, que aproveitou e foi passar o Natal a Lilongwe com a família. Deixo-vos com uma foto da família feliz (não, não é prato do restaurante Chao Min no Martim Moniz) a deleitar-se com a estadia nesta maravilhosa cidade.
http://www.pbase.com/gaylehanssen/image/39401894

quarta-feira, janeiro 25, 2006

Estou aqui a pensar na morte da bezerra

Berra muito até morrer. Depois cala-se.
É assim a morte da bezerra.

O Despertar da Aurora

São 7.15 da manhã.
Toca o despertador da Aurora e ela acorda. Tem os olhos inchados e ramelosos e hálito mata ratos.
Toma um duche e veste-se ao calhas.
Não toma o pequeno almoço, porque prefere toma-lo no bar lá da empresa, sem se dar conta que o vazio do seu estomago e a gosma ressequida na sua boca são fonte do seu hálito de odor pútrido.
Ó Aurora, ajudava e fazias um grande favor aos teus colegas nauseados, se de manhã comesses um papo seco e a seguir lavasses os dentes.
E é assim o despertar da Aurora. Mas atenção, só nos dias úteis! Aos fins-de-semana a mandriona só acorda quando o relógio dá a Uma (que é exactamente às 11h, no seu relógio que comprou em Hollywood com actrizes famosas. Em lugar das 11 temos uma foto da Uma Thurman no filme Pulp Fiction)

terça-feira, janeiro 24, 2006

Por motivos de ordem técnica alheios ao autor, a última peça "Errata" foi vitíma de um ataque de um estranho vírus o Hdt457£V2

O autor promete encetar esforços no sentido de apurar as responsabilidades e punir exemplarmente os culpados, estando desde já prometida a formação de uma comissçao de inquérito para o efeito.
Retomo a emissão com a publicação, desta vez sem defeitos, da peça "Errata"


Tenho recebido inúmeros mails de fãs e telefonemas de amigos a alertarem-me para as gralhas (gralhas?!!? são bujardas q fazem corar de vergonha o Telmo da tropah!) que diariamente "sujam" os meus textos.
Queira desculpar-me o prezado leitor, mas tenho que o recordar da minha infancia atribulada com compromissos na guerrilha islâmica de soldado mujadin, sem mto tempo disponível para aprender os percursos sinuosos da língua de Camões (é uma expressão que se dá a trocadilhos fáceis, que, com esforço vou resistir de fazer).
Refiro-me, sem vergonha da minha rudeza de homem das montanhas e pastor de cabras, ao comparça que não tem graÇa, mas deve ser antes uma farSa. (vide peça sobre Quem é o Outro?).
Aquilo que tive mais perto de um professor de português foi o Serafim do Huambo, ao lado de quem eu me bati na guerra do Ultramar em 1972, no interior esquecido de Angola. Lembro-me dos seus ensinamentos enquanto fazíamos emboscadas ao inimigo imperialista. Dos "tájáver" aos "Mantoooorach!" e aos "props po piple". Ahhhhh o Serafim... Lembro-me como a sua mãe, Dona Salomé da Guiné, ficou desfeita com a sua morte. Quer dizer, literalmente desfeita, pois o Serafim como guerrilheiro dedicado e curioso, ao fanar instruções de fabrico de cocktail Molotof de um quartel português, e julgando tratar-se de uma receita de uma deliciosa sobremesa, resolveu meter o preparado no forno mandando com o barraco ao ar. Também ao ar foi o conteúdo do barraco, no qual se incluia a dona Salomé da Guiné, que na altura, e segundo o relatório médico-legista, estava a ver o Preço Certo em escudos. Foi um belo fogo de artífico caro leitor. Segundo consta.
Enfim, este foi um pequeno aparte para homenagear essa personagem que foi o Serafim do Huambo.
Recuando aos meus tempos de infância em Musvadala, aldeia votada ao ostracismo e isolamento por força da sua localização geográfica no vale de Ishram entre as montanhas de Tehrkali, recordo aos leitores também a dificuldade de arranjar manuais de português que me pudessem orientar na escrita desta língua. Mesmo assim, já graúdo e graças a um alfarrobeiro de Musvadala tive acesso a alguns desses manuais épicos da língua portuguesa, como o "Anita de bicicleta" e o "Anita a cavalo".
Portanto peço alguma compreensão, se não mesmo compaixão, por este meu português bárbaro, típico de um homem cujo vocabulário cresceu no meio de cabras.

Ps - Será Alfarrobeiro ou Alfarrabista?

segunda-feira, janeiro 23, 2006

Errata

Já recebi inúmeros mails de fãs e telefonemas de amigos para me avisarem de gralhas (gralhas?! são é mais bujardas que envergonham o Telmo da Tropah!) que encontram neste espaço lúdico, ao qual, ao que parece, já reservaram um cantinho especial nos seus corações.
Ora vejamos: ComparÇa só se for uma graça... mas parece ser mais uma farSa. (vide peça sobre Quem é o outro?)
Aos caros leitores, que me tomam como exemplo, quero expressar o meu mais profundo pesar por ser fonte de desaprendizagem desta tão prezada língua.
Prometo um curso intensivo de português. Queria lembrar aos mais distraídos a minha infância turbulenta e a dificuldade que era, e ainda é, arranjar um professor de português em Musvadala.
O mais perto que tive de um professor deste magnífico idioma, foi, lá está, um comparÇa que era uma farSa, dos tempos idos na guerra do Ultramar, o Serafim do Huambo. Com ele aprendi expressões como o "Tája ver?" e "Mantorras" e "props po piple" eqto fazíamos emboscadas ao inimigo português.
Ai o Serafim. Deus o tenha. A mãe, a dona tatiana, ficou desfeita com a sua morte. Literalmente desfeita, pq o Serafim, como guerrilheiro extremoso e dotado de um espírito invulgarmente curioso, levou para casa uma receita de cocktail molotov, que experimentou "cozinhar" no forno do seu barraco nos arredores do Huambo. "Sérahfim, tuh tens à cérteza qisso é pó forno?"perguntou-lhe a cautelosa tatiana "Bissoluta tajáver!Molotov é bolo.Bolo vai nos forno!" O resultado foi um belo fogo de artíficio. Enfim, este foi um pequeno aparte, para homenagear o meu primeiro e único professor de portugues, o Serafim do Huambo.
Outras fontes de aprendizagem foram clássicos da literatura portuguesa que adquiri num alfarrobeiro de Musvadala, como "Anita aprende a nadar" e "Anita a cavalo".
Portanto peço um pouco de compreensão para com a minha ortografia de rua, eu, um autodidacta das montanhas de Musvadala.

Ps - alfarrobeiro ou alfarrabista?


"....fita de milho o caraças, o que tu queres é um busto de Napoleão...!!"

Como os visitantes habituais (3 pessoas contabilizadas ha meia-noite de ontem) decerto se recordam, ha uns dias atrás o muy ilustre visitante desta trampa Corn Feet aka Fita de Milho, num dos seus comentários, presenteou-nos com uma anedota:"....fita de milho o caraças, o que tu queres é um busto de Napoleão...!!" Desde aí, e não me contendo com o espasmo muscular da minha barriguinha, percebi o alcance humorístico desta espirituosa anedota e os horizontes que abria ao possibilitar um infindável número de variações, todas elas de um alcance cómico significativo.

Ora vejam:

"...fita de cabelo o tanas, o que tu queres é um bigodezinho igual ao do Hitler..."

"...fita de filme o c#$lho!, o que tu queres é o busto da Cicciolina..."

"...fita-cola o caneco, o que tu queres é um charuto do Churchill..."

"...fita métrica o zézinho, o que tu queres é um botão de punho do Castelo Branco..."

"...fita amarela o catano, o que tu queres é um beijinho meu..."

"...fita lilás estás bonito estás, o que tu queres sei eu ( copyright GatoFedorento)"

"...fita-me nos olhos o malandro, o que tu queres n te posso dar..."

isto ja esta a ficar demasiado estúpido, mas espero que tenham ficado com uma bela amostra de expressões para se usar num momento de indignação extrema, como por exemplo, caro leitor, quando lhe disserem que está com caspa.

Um abraço,
Manolito


sexta-feira, janeiro 20, 2006

Quem é o Outro?

Há mta coisa errada com os portugueses.
Uma das que me dá mais comichão é a pulga.
Aquela pulga irritante que salta do meio duma amena cavaqueira entre amigos de café e dominó.
Ora vejam:
Ola Sor Julio, isso vai?
Eh pa, vai indo. Olha é como dizia o outro, vou benzinho.

Vou ter que interromper amavelmente estes dois comparças do dominó para lhes perguntar, quem é o outro?
É que na maioria das vezes, não existe outro, e no entanto tal qual mola involuntária, lá soltamos um "como dizia o outro", como se isto desse ênfase à nossa ideia fraquinha ou graçola sem categoria, que, sozinha, sem ter sido dita pelo outro, perde relevância. Ora isto é um embuste evidente, pois, quer tenha sido proferida ou não pelo outro, o que dizemos das duas uma, ou não tem piada nenhuma ou não tem ponta de interesse.
Daqui infiro, sem a total certeza, que nós como portugueses, não estamos seguros da qualidade daquilo que vamos dizer, e usamos esta muleta irritante, para nos dar segurança e confiança para a frase ou piada que vamos proferir. Tipo, isto pode não ter piada nenhuma, caro ouvinte, mas atenção, o outro disse.
Pior do que isto é usar a expressão como disse o outro, em coisas que naturalmente devem ter sido ditas por muitos outros. Não é preciso lembra-lo a ng. Para dar uma ajudinha ao leitor menos elastico de espirito, vou dar, como diz o outro, um exemplo: Ola tudo joia? "Tudo! Sempre vais, como dizia o outro, la a casa? "Eh pa, hj n posso, como dizia o outro, estou à rasca. "Coitado, é ,como dizia o outro, o trabalho é lixado! "Ya."
Como dizia o outro, já devem ter percebido o ponto.

Para a proxima comentarei o facto de os comediantes julgarem que os velhotes falam em falsete.

quarta-feira, janeiro 18, 2006

Ensaio Sobre a Loucura




Ensaio Sobre a Loucura - Manolito Gafotas 1983

Tive esta ideia brilhante de tirar uma foto a um espelho no fim de ano de 1982 num Hotel de Viena.
Foi o começo auspicioso de uma carreira na fotografia expressiva.
Neste ensaio procuro conciliar o vazio do espaço com o vazio da alma dum louco.
Na primeira foto (o ensaio deve ver-se da esquerda para a direita e de cima para baixo) a personagem está imovel, serena, como que expectante em relação ao futuro. Ao mesmo tempo atente-se ao olhar fugidio e apreensivo. Na segunda foto, é-se atingido pelo inevitável soco da realidade, em que o louco é confrontado com a sua loucura, que lhe é insuportável.
A última foto é a queda, em que o vazio do espaço e o minimalismo tomam maior expressão, ao tornarem-se dominantes em relação ao louco, que vai caindo no vazio da sua loucura.

Agradecimentos: Agradeço às minhas visitas muito instrutivas às exposições de arte contemporânea.

terça-feira, janeiro 17, 2006

Live In Budapest


Lembrei-me do concerto dos Queen no Nepstadion em 1986, qdo vi esta foto ranhosa que tirei em budapeste. Perguntam-me, O que raio querias apanhar na foto, eu respondo, Queria apanhar a verruga no nariz da velha que ia no autocarro. Daí ser uma foto ranhosa.

Les Jours Tristes

Vou ser acusado de plágio.